segunda-feira, 3 de maio de 2010

Peixe vivo vale dinheiro


Em Pernambuco, uma ONG está transformando jovens pescadores nos maiores protetores dos recifes de coral. De quebra, tornam-se os melhores guias turísticos do pedaço.
Celso Calheiros*
'Peixe vivo vale dinheiro';
A turma de multiplicadores: da pesca à conservação (foto: Irco)Em terra, a questão é se pensar em fórmulas que possam manter as florestas em pé. No mar, uma ONG dedicada a proteção e estudo dos recifes usou a mesma lógica para o meio marinho. Colocou em prática uma ideia original que procura fazer com que pescadores artesanais ganhem dinheiro com o peixe vivo. Como subproduto, eles ainda se transformam em agentes multiplicadores de informações sobre a riqueza de vida no litoral brasileiro.Os recifes são tão comuns na paisagem litorânea pernambucana que, nas praias urbanas, acabaram por se reduzirem a isso: a paisagem. A visualização de vida nos recifes é fácil, mas tão pouco cuidada que chega a ser maltratada – até mesmo por pescadores, que deveriam ser os primeiros a defender esses berçários que servem a tantas espécies de peixes com valor comercial.Por causa dessa pouca atenção recebida por essa característica marcante do litoral nordestino que pesquisadores, professores e militantes em defesa do meio ambiente criaram o Instituto Recifes Costeiros (Ircos), que possui uma presença bastante atuante em Tamandaré, município pernambucano que fica no litoral sul, poucos quilômetros depois da badalada Praia de Porto de Galinhas. Foi com o apoio técnico e científico do Ircos que o governo federal decretou a Área de Proteção Ambiental Marinha Costa dos Corais, a maior APA do país. Ela começa em Tamandaré e segue cerca de 180 km até a Praia de Paripueira, em Alagoas. São 413 mil hectares de uma APA que busca a proteção dos recifes. O Ircos foi além: dentro da APA, conseguiu a definição de uma área de 400 ha totalmente fechada, onde só os pesquisadores podem entrar para acompanhar do meio ambiente.O futuro depende do cuidado que devemos ter com nosso litoral. A Zona Costeira Marinha ocupa aproximadamente 4,5 milhões de km2 – é uma das maiores faixas costeiras do mundo, com mais de 7.400 km entre a foz dos rios Oiapoque e Chuí. É a nossa Amazônia Azul, com espécies de fauna e flora somente encontradas aqui.

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